segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Defenestrações - se é para jogar pela janela as coisas que escrevo, então que seja por esta janela aqui, o da internet..."

Realizamos no dia 17 de outubro de 2009, a oficina do Caderno de Teoria e Prática - TP5 - Estilo, Coerência e Coesão (unidades 17,18,19 e 20), perfazendo uma carga horária de oito horas, na Escola Anselmo Cordeiro Guimarães.
De início, foi passado um vídeo intitulado: BOM DIA!!!Em seguida, os cursistas receberam fichas contendo ditados recriados (o mesmo utilizado no blog Os cegos e os elefantes) para apresentarem da forma que quisessem: declamando, cantando, imitando(....)ou seja, cada qual utilizando seu estilo. Muitos, foram motivos de risos e descontração. Logos após, adaptei uma atividade contida no AAA5-versão do professor (pg.15) para provocá-los a pensar sobre o conceito de estilo. Para isso, foi proposto a leitura das imagens contidas no cartaz, relacionando o estilo de cada

pessoa - neste caso - estilo de vestimentas, aos vários tipos de estilo - linguagem, musical, leitura de livros e de vida. Propus a leitura do texto "Cada um é cada um"- José Roberto Torero - no sentido de compreender a noção de estilo no domínio da linguagem e também do objetivo da Estilística. Utilizamos outra atividade a partir de uma notícia de jornal, com o objetivo de usar palavras fora do cotidiano do aluno, despertando a curiosidade pelo uso do dicionário, com a finalidade de reescrevê-la como uma pessoa conhecida usaria para narrá-la. (Estilos: Lula, Jurista, Xuxa, Faustão).

Falando ainda na Estilística, vimos outras possibilidades estilísticas com as palavras, a partir de uma crônica de Celso Ferreira publicada em um jornal - Palavras são palavras...(pg.36). Dentro desse viés, sugeri a produção de um texto (o mesmo que foi trabalhado na formação) envolvendo estas palavras: hermeneuta, apoplexia, uxoricídio, perfunctório....Mais uma vez o professor utilizar estratégias, no sentido do aluno adquirir auto-confiança em escrever textos. As discussões acerca da oficina foram significativas e proveitosas.
A professora Zilma relatou ter visto um texto semelhante ao que trabalhamos, visto que, continha algumas palavras: defenestração, ignóbil....e outro texto abordando as variações linguísticas, ou maneiras de se contar um assalto por meio de regionalismos.

Estilo Faustão:Ôrra, meu! Está um absurdo a violência no Rio. O corpo de aparentemente 40 anos, foi encontrado morto pelo vigia de uma construção, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, o interessante meu, é que não havia sinais de morte violenta.
Prof.Oriana e Patrícia.

Estilo Xuxa: Gente!Eu tenho uma notícia para falar pra vocês que me chocou bastante!É inacreditável que a violência está aumentando a cada dia, um homem de aparentemente 40 anos foi encontrado morto pelo vigia de uma construção. Gente!Você nem imaginam o local: às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. Que o cara lá de cima possa está abençoando o mundo e essa violência acabe!
Prof.Cláudia e Antônia

Estilo Jurista:Senhoras, Senhores, Autoridades eclesiásticas e militares. Encontrou-se esta manhã, um homem em estado deplorável, inerte e que seu estado físico lhe demonstrava seus 40 anos. Um trabalhador noturno de uma construção foi quem o viu neste local, próximo da Lagoa Rodrigo de Freitas. O que mais me chamou atenção é que não apresentava sinais de agressão.
Prof.Jackson e Jorge

Estilo Lula: Estou otimista!Nosso Brasil é um país grande e tenho procurado amenizsar a violência, mesmo assim, as pessoas continuam praticando crimes e o corpo de um homem de aproximadamente 40 anos, foi encontrado às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, mas já progredimos bastante, pois o mesmo não tinha sinais de violência. Companheiros e companheiras!!
Prof.Zilma e Solange

Os incríveis

Era uma vez um garoto chamado muxuango que tinha como seus amigos: Hermeneuta, Sibilino e Falácia.
Certo dia, combinaram fazer um vituperado, porém Sibilino era muito ignóbil e não participou.
Foi uma defenestração total. Hermeneuta e Falácia começaram a namorar. Enquanto isso, Sibilino ficou no perfunctório aguardando a volta para casa.
Seu Birimbau, pai de Falácia, veio a procura da ficha, que ao vê-lo ficou cheia de apoplexia. Contudo, surpreendeu-se com a reação do pai que, simplesmente as convidou para voltar no seu uxoricídio.
Passaram no perfunctório para chamar Sibilino e voltaram para casa muito satisfeitos com o passeio realizado.
Prof.Oriana e Patrícia.

O Hermeneuta

Um hermeneuta chamado muxuango que morava num sobrado, lugar onde esteve toda sua vida, ao ser acometido de uma apoplexia se tornou ignóbil e sibilino. Levava todo seu tempo cuidando das falácias, mais um certo dia descobriu que estava vituperado, desesperou-se, pensou logo no uxoricídio. Pensou melhor e procurou um perfunctório, especialista em vituperado, o mesmo deu-lhe a seguinte recomendação, se quiser ficar bom, defenestre suas falácias.
O hermeneuta muxuango indignado disse ao médico:
- Eu também tenho uma solução! Essa doença vem da ignorância do povo. O melhor remédio é pegar o dicionário e procurar o significado dessas palavras.
Prof.Solange e Zilma

Um índio em Apuros

Uma vez, um Muxuango saiu da sua tribo em busca de um médico para operar sua hermeneuta que estava a ponto de estrangular. Ficou vituperado ao sentir uma dor de barriga e percebeu que a defenestração começava a escorrer lentamente. O pobre Muxuango sem ter o que fazer correu até um banheiro público. Mas era tarde demais, o cheiro ficou insuportável. Ele foi até um perfunctório, comprou um perfume e tomou um banho. Saiu na rua e as pessoas começaram a se olharem e as falácias foram demais. O pobre saiu ignóbil das atitudes das pessoas, não entendiam nada.
O senhor Sibilino, um homem bondoso, levou até ao médico. O médico aplicou um uxoricídio e quando começou a operação descobriu que o homem também sofria d apoplexia.
Prof. Claudevânia e Antônia.


Não faça isso

Jackson -O que aconteceu que você está muxuango?
Jorge: - Não, é que estou assim hermeneuta.
Jackson: - Você se ligue, senão você vai sofrer uma defenestração!
Jorge: - É que conheci alguém que tem apoplexia.
Jackson: - Seja ignóbil.
Jorge: - É que ela é tão falácia.
Jackson: - Estou viturperado com sua decisão.
Jorge: - Que perfunctório da sua parte!
Jackson: - Ela é sibilino?
Jorge: - Não sei, estou pensando em uxoricídio.
Prof. Jackson e Jorge.


No segundo momento da oficina, abordei questionamentos tendo como base um cartaz (adaptação da atividade da pg.71) em que, iniciou nossos estudos sobre Coerência Textual. "Observe as figuras e diga por que você percebe tratar-se de uma montagem". Neste texto, observamos as "pistas" e verificamos que se trata de uma montagem, ou seja, "nosso conhecimento de mundo nos diz que as partes dessa imagem estão em conflito, não estão em harmonia".(pg.71)."È procurando a coerência das imagens - visuais ou textuais - que compreendemos o que vemos ou o que lemos. É esse exercício, semelhante a um "quebra-cabeças" que fazemos quando interpretamos - e compreendemos - um texto"(pg.73). Para compreender melhor, respondemos oralmente a atividade 2 (pg.74). Observe o diálogo:
- Maurício: Que horas são?
- Daniel: Calma!O ônibus ainda não passou.
- Maurício: Mas o céu parece estrelado...
- Daniel:É assim toda sexta-feira!
1. Por que a conversa parece absurda?
2. O que seria, por exemplo, uma resposta coerente para a primeira pergunta?

Visando explorar os AAA´s respondemos a atividade da página 59 - professor (Unidade das imagens) com o objetivo de identificar como se constrói a unidade de sentido nos textos de imagens.


Retornamos às 13:00 para focalizar nossos estudos nos mecanismos da coesão textual (referencial, sequencial). Dando continuidade, distribui a cada cursista um "flashcard" para a partir deste, construir uma história com início, meio e fim. Depois de finalizada, entreguei outro "flashcard" contendo os conectivos: e, porém, todavia....Agora incluindo na história que criaram, esses conectivos.
Com a ajuda de uma "lupa", brinquei com a turma que iria utilizá-la para ver ampliadas as marcas textuais para compreender melhor o que se lê, fazendo uma leitura mais atenta e investigativa quanto às informações contidas nos textos. (Ativ.da página 83 - AAA5-professor).
Surpreendentemente, a professora Zilma nos presenteou socializando conosco os textos "O assalto - de autor desconhecido - e "Defenestração" de Luiz Fernando Veríssimo, devorando na leitura dos mesmos.
Continuando nossa "costura" foi posto em análise a coesão referencial a partir do texto "Segredos da seda", respondendo as questões 1 até 5, e analisar também mecanismos de coesão sequencial (ativ.12, página 150).


Finalizamos as oficinas com a exploração da atividade 1 - AAA5 - professor - página 105, para organizar as informações "Uma história sem pé nem cabeça". O momento de "Socializando as lições de casa", foi apresentado alguns textos orientados pela Professora Oriana (Avançando na prática -pg.182 - TP4) - Construção de andaimes.







Como a proposta do GESTAR II é construir conhecimento, tendo como embasamento o sócio-construtivismo, passei uma reflexão em cima do trabalho em grupo, por meio da reportagem da Revista Nova Escola - "Como agrupo meus alunos? - Março de 2009, com a incumbência de entregar a cada cursista essa reportagem, entregando também a sugestão de códigos de revisão de texto.
" Trabalhando juntos os que têm saberes diferentes é uma forma poderosa de fazer todos aprenderem. Esses agrupamentos está baseado em conhecimento produzido desde o início do século XX por pesquisadores de diferentes áreas. O psicólogo Vygotsky (1930) já chamava atenção para a importância da interação entre a criança e o professor e entre a criança e os colegas em situações de aprendizagem. Em A Formação Social da Mente, ele afirma que o bom aprendizado é aquele que foca o potencial que o aluno pode desenvolver com a ajuda de outros. Trabalhar em grupo, então, não é apenas importante, mas fundamental para ele".(pg.36,37)






FLASHCARD - CONECTIVOS









FLASHCARD - FIGURAS DE PESSOAS PRATICANDO ALGUMA AÇÃO.





Abraços, Betânia (formadora).

TEXTOS

Assaltantes Regionais
Assaltante Nordestino
Ei,bichim...
Isso é um assalto...Arriba os braços e num se bula nem se cague e nem faça bagunça...Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim senão enfio a peixeira no teu bucho e boto teu pra fora!" Perdão meu Padim Ciço, mas é eu tô com uma fome de moléstia...

Assaltante Mineiro
Ô sô, prestenção...Isso é um assalto, uai...
Levanta os braços e fica quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala... Mió passá logos os troado que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o que uai!!

Assaltante Gaúcho
Ô guri, ficas atento...Báh, isso é um assalto. Levantas os braços e te quieta, tchê. Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.

Assaltante Carioca
Seguiiinnnte, bicho...Tu te fudeu. Isso é um assalto...
Passa a grana e levanta os braço rapá...Não fica de bobeira que eu atiro bem pra caralho...Vai andando e se olhar pra trás vira presunto...

Assaltante Baiano
Ó meu rei...( longa pausa)
Isso é uma assalto...(longa pausa)
Levanta os braços, mas não se avexe não...(longa pausa)
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado...Vai passando a grana, bem devagarinho...(longa pausa)
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado...Não esquenta, meu irmãozinho, (longa pausa)
Vou deixar teus documentos na encruzilhada...

Assaltante Paulista
Ôrra, meu...Isso é um assalto, meu...alevanta os braços, meu.
Passa a grana logo, meu...
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu...Pô, se manda, meu...

Assaltante de Brasília
Querido povo brasileiro, estou aqui, no horário nobre da TV para dizer que no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: água, energia, esgoto, gás, passagem de ônibus, licenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, imposto de renda, IPI, ICMS, PIS, CONFINS.

Defenestração


Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia negra. Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria. - Os hermeneutas estão chegando!
- Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada... Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.
- Alô....
- O que é que você quer dizer com isso?
Traquinagem devia ser uma peça mecânica.
- Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.
Plúmbeo devia ser um barulho que o corpo faz ao cais na água. Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração. A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas.
Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres:
- Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas...Ah, algumas defenestravam.Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais. Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? "Nestes termos, pede defenestração..."Era uma palavras cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:
- Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer?
Defenestrada. Mesmo errada, era a palavras exata.
Um dia, finalmente, procurei no dicionário. (...)

VERÍSSIMO, Luis Fernando. "Defenestração". O analista de Bagé.





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